As habilidades mais importantes nos novos negócios: o ponto de vista de Charles Handy

Como o título disse, hoje trazemos para o blog mais um ponto de vista. Em uma entrevista para a coleção Biblioteca de Gestão, Charles Handy fala sobre as mudanças no mundo dos negócios e também sobre “elefantes e pulgas” ou: a relação entre as grandes empresas e os pequenos negócios.

Handy começa falando que, ao longo do século XXI, os negócios perderão a forma com o qual ocorriam antes, sendo que essa forma mais antiga era a de companhias, nas quais grupos de pessoas eram amarradas juntas com os mesmos propósitos e, atualmente, cada vez mais os negócios são um aglomerado de alianças e parcerias.

Ele fala que, para encarar essas mudanças, as habilidades-chave dos gestores devem ser a de conquistar amigos, influenciar pessoas, estruturar parcerias e realizar negócios e compromissos. Ele diz que fazer negócios hoje em dia fala muito mais sobre encontrar as pessoas certas nos lugares certos e saber negociar da melhor forma possível. Portanto, as funções mais importantes dentro de uma empresa passam cada vez mais a serem as de recrutamento e de compras – funções estas que, curiosamente, ao longo dos anos passados nunca tiveram muita importância. Isso porque cada vez contam mais as habilidades humanas, quando antigamente só se contavam as capacidades técnicas. A nova força de trabalho visa contribuir com a evolução da humanidade, além de servir para ganhar a vida.

Charles diz que um bom gestor, desde sempre, deve dedicar ao menos metade do seu tempo às pessoas. Com essas evoluções, ele deve tornar-se cada vez mais um professor/missionário, para estar sempre instigando sua equipe. Hoje em dia é cada vez mais importante conceitualizar; as pessoas precisam de definições claras para vestir a camisa da empresa e trabalhar da melhor maneira possível; elas precisam entender que as prioridades da organização também são importantes para elas.

Um caminho que ele indica para que as pessoas desenvolvam essas habilidades é coloca-las em situações com as quais elas não sabem lidar. Diz que a única maneira das pessoas aprenderem essas habilidades conceituais é serem empurradas para papéis que estão fora de sua compreensão e competência, mas que, é claro, dessa forma elas precisam ser ainda mais apoiadas e perdoadas em seus erros, já que estarão tentando e aprendendo.

Ao ser perguntado sobre como o conceito de carreira mudará no futuro, Charles é incisivo: “Será um caminho de carreira profissional, e não organizacional”. Ele diz que cada vez mais as pessoas se definem por suas profissões e que, portanto, sua definição deve ser muito mais ampla. Ele fala que empregos que não oferecem perspectivas de carreira vão, aos poucos, desaparecendo e que, dessa forma, as pessoas serão ou profissionais ou empreendedores – mas todas, sempre, devem pensar em si mesmas como seu próprio negócio, e recorrerem aos “elefantes”, ou seja, as grandes empresas, para aprenderem e poderem tomar conta da própria vida.